A evolução demográfica dos vários estados constituintes da União das Hortaliças tem-se tornado numa preocupação crescente por parte dos seus líderes políticos e outros, preocupados com uma composição populacional que poderá levar a perdas futuras da produtividade e competitividade nos mercados internacionais que como se sabe são actualmente mais selvagens do que uma selva pois na selva os animais têm tempo de repouso e para se envolverem em actividades familiares, ocasionalmente até darem-se à bizarria de actos altruístas, ao passo que nos mercados nada disso existe. A preocupação maior é a de que as camadas mais jovens da população estão em declínio e isto tem sido usado para assustar os futuros reformados (ou talvez prepará-los para que nessa altura não tenham por reforma senão o que encontrarem nos caixotes do lixo) e os utilizadores dos Serviços Nacionais de Saúde/Doença – designação dependente de se os estados em causa estão a norte ou a sul da fronteira da República Federal das Batatas – e outras mordomias que tais. É claro que perante as taxas de desemprego em cavalgante subida por toda a parte, os ignorantes cidadãos perguntam-se para que serão necessários mais jovens dado que, quando chegarem a altura de ganharem o seu, não terão onde. Mas enfim, os cidadãos são isso mesmo, ignorantes, e não podem compreender estas subtilezas da demografia económica. Subtilezas aparte, podem agora os decisores políticos e económicos respirar um poucochinho de alívio perante os resultados do novo censo da União das Hortaliças. O censo demonstrou que os países intervencionados pela Tripeça tiveram uma quebra acentuada da sua população total, tanto pelo aumento a taxa de mortalidade, e em especial a infantil, como pelo aumento do número de cidadãos que fogem para qualquer lado porque a sobrevivência nos países deles é impossível. Assim, a República dos Ursos Brancos viu a sua população desaparecer para metade, a República dos Nabos perdeu 1/10 dos habitantes e a do Goulash pelo menos 30%. Já quanto à Democracia da Moussaka, e como é hábito, não se conhecem resultados, até porque os seus dirigentes não sabem quantos habitantes tinha o país antes da crise, quantos morreram desde então ou quantos deram e dão às de vila-diogo. Com a excepção da anárquica Moussaka, os planos de ajustamento da Tripeça têm sido considerados um êxito nestes países intervencionados. Pelo que fica a natural confusão na mente do público sobre o sucesso dos planos de austeridade e ajustamento e as questões demográficas. Será que os programas de ajustamento são considerados bem-sucedidos porque estão a esvaziar os países das suas populações, promovendo deste modo a redução dos gastos públicos pois não haverá necessidade de tantas escolas, hospitais, professores, pensões de reforma, invalidez e subsídio de desemprego? Será que o objectivo é fazer entrar em sobrelotação as preguiçosas barrigas femininas que restarem, para combater o temido envelhecimento populacional? Ou será que os sábios estão prestes a lançar um novo índice da vitalidade económica dos países baseado na taxa de emigrantes per capita?
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