terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Tugas "raizosparta" e "aristozeros"


Concorde-se ou não, goste-se ou não, às vezes esta Helena tem alguma razão. O principal defeito é o seu pendorzinho neoliberal, aliás na boa linha do pasquim digital "Observador", onde esta prosa foi editada em 16.02.2020:
Os portugueses “raizosparta” e os aristozeros
Helena Matos - 16 fev 2020

Os portugueses “raizosparta” são a desilusão da sua extraordinária classe política, esses aristozeros sempre empenhados em políticas pioneiras. Primeiro para a nossa vida. Agora para a nossa morte.
Os portugueses “raizosparta” nunca percebem nada.
Os portugueses “raizosparta” acreditavam que os deputados eram eleitos para que a sua vida fosse mais digna não para que os deputados, enfastiados da discussão em torno das condições de vida, se empenhassem com fúria e zelo na definição das condições da morte. Digna, dizem eles.
Os portugueses “raizosparta” são a desilusão da sua extraordinária classe política, esses aristozeros sempre empenhados em políticas pioneiras e superiores, em mais um plano, em mais um avanço… Quando, como de costume, o FMI é chamado pelos aristozeros, só encontra os portugueses “raizosparta” para pagar a conta.
Os portugueses “raizosparta” descobriram que são livres de pensar o que quiserem desde que pensem aquilo que os aristozeros definem como pensamento possível.
Os portugueses “raizosparta” quando ouvem os aristozeros a defender o “zero desperdício” só se lembram dos Espírito Santo a brincar aos pobrezinhos na Comporta ou, para usar a terminologia da moda,  “refúgio hippie-chique” onde se vive “num estado mais puro”: uns e outros sentem-se em harmonia com o universo, brincando com as dificuldades dos portugueses “raizosparta”.
Os portugueses “raizosparta” acreditavam que viviam num país que tinha uma História e não um relatório de culpas.
Os portugueses “raizosparta” insistem em viver em sítios onde as leis superiormente inteligentes aprovadas pelos aristozeros produzem o efeito contrário ao anunciado e dado como inquestionável pelos aristozeros: a legislação que ia proteger os animais acabou com matilhas de cães assilvestrados a matarem ovelhas e a atacarem agricultores. Culpa dos portugueses “raizosparta” que insistem em ter rebanhos, essa forma de exploração dos animais pelo heteropatriarcado!
Os portugueses “raizosparta” nunca fazem o suficiente, nunca pagam impostos suficientes e nunca se esforçam o suficiente de modo a cumprirem o admirável mundo novo que os aristozeros lá das suas “ZERES” sonham impor. Uma ZER não é apenas uma Zona de Emissões Reduzidas, é sim a cidadela dos aristozeros: o local onde não há espaço para as questões irritantes dos portugueses “raizosparta” como os assaltos ou a degradação cívica, intelectual e moral que se vive nas escolas públicas. Apenas gente bonita achando que alimenta o mundo e o salva do impacto ambiental da agricultura industrializada porque cultiva ciboulettes em vasos ditos orgânicos na varanda.
Os portugueses “raizosparta” não têm uma mente aberta perante as causas que a cada momento os aristozeros lhe apresentam. Não é por má vontade, acrescento eu, mas sim porque é impossível acompanhar o ritmo das causas avançadas pelos aristozeros: por exemplo, como consegue um português “raizosparta” acompanhar as lutas contra o racismo que invariavelmente acabam com os anti-racistas de ontem a serem acusados de racismo pelos anti-racistas de hoje? (Enquanto escrevo vou seguindo a extraordinária polémica com o racismo do anti-racista Gilberto Gil que afinal agora é racista porque tem uma neta branca. Sigam os links que amanhã o racismo já é outro!) Outros fossem os tempos e dir-se-ia que o frenesim de causas dos aristozeros é uma pescadinha de rabo-na-boca mas logo aqui se armava uma confusão gastronómico-moral de consequências imprevisíveis, para os portugueses “raizosparta”, claro.
Os portugueses “raizosparta” acham, ou melhor achavam, que a cada novo problema correspondia uma nova solução. Oh estupidez de antologia! No tempo dos aristozeros a solução é a privação: o iogurte não pode ter gordura, o leite não tem lactose, o pão é sem glúten, os doces são expurgados do açúcar e o futuro deve ser sem. Por exemplo, sem carros. Se um estúpido português “raizosparta” lembra que andar de bicicleta no mês de Abril nas Avenidas Novas em Lisboa – local por excelência dos aristozeros – não é a mesma coisa que vir, no mês de Julho, do Bairro dos Cágados, do Casal Chapim ou de São Marcos para Lisboa é óbvio ao iluminado raciocínio dos aristozeros que só um um português “raizosparta”  acaba a viver em tais paragens.
Os portugueses “raizosparta” contavam anedotas de alentejanos, de louras, de pretos, de brancos… enfim, anedotas sobre si mesmos. Agora só podem rir daquilo que os aristozeros autorizam. E só devem ver filmes de realizadores aprovados a cada momento pela facção dominante dos aristozeros. Ler livros com mensagem de autores empenhados. E apenas lerem notícias devidamente certificadas pelos aristozeros.
Os portugueses “raizosparta”, porque são “raizosparta” e ainda por cima portugueses, gostavam de coisas “com”: cozido com carne e políticos com ideias. Mas os aristozeros tomaram a peito levá-los a achar natural que o zero é o futuro. Estamos quase lá: o SNS não tem medicamentos, as escolas não têm professores, as urgências não têm médicos, os transportes públicos não têm carruagens… mas a quem é que isso importa? Apenas aos portugueses “raizosparta”, uma gentinha que neste ano de 2020 vive e trabalha em sítios que nenhum aristozero verdadeiramente aristozero frequenta.
Os portugueses “raizosparta”, aqueles que sustentam isto tudo, que mantêm o país a funcionar, acreditaram que se fizessem mais um pouco, cumprissem mais aquele regulamento, obedecessem a mais aquele procedimento, seriam deixados em paz. Não foram. Do nascimento à morte têm os aristozeros a dizer-lhes o que devem fazer, como devem amar, comer, trabalhar, viver, morrer…
Mas os aristozeros andam inquietos. Depois de se terem zangado com o povo os aristozeros começam a irritar-se com as urnas de voto. Já não se pode confiar nos portugueses, “raizosparta”.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

O "Devorismo" da coisa pública cá pela Tugalândia...

Mão amiga fez-nos chegar mais esta... 
Não sabemos se é informação recente ou se já anda a circular por aí há mais tempo. 
- Na dúvida, liguem para o Tribunal de Contas...

Assim anda a gestão da coisa pública... Então no que toca às autarquias, é por demais sabido que mais de metade dos autarcas deviam estar na cadeia!..


AQUI VOS DEIXO ALGUNS EXEMPLOS DE DÚVIDAS QUE O TRIBUNAL DE CONTAS ENCONTROU NAS DESPESAS PÚBLICAS…


1.      ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE SAÚDE DO ALENTEJO, I. P.
- Aquisição de 1 armário persiana; 2 mesas de computador; 3 cadeiras c/rodízios, braços e costas altas: 97.560,00€
Eu não sei a quanto está o metro cúbico de material de escritório mas ou estes armários/mesas/cadeiras são de ouro sólido ou então não estou a ver onde é que 6 peças de mobiliário de escritório custam quase 100 000€.
Alguém me elucida sobre esta questão?

2.      MATOSINHOS HABIT – MH
– Reparação de porta de entrada do edifício: 142.320,00 €
Alguém sabe de que é feita esta porta que custa mais do que uma casa?

3.      UNIVERSIDADE DO ALGARVE – ESC. SUP. TECNOLOGIA – PROJECTO TEMPUS
– Viagem aérea Faro/Zagreb e regresso a Faro, para 1 pessoa no período de 3 a 6 de Dezembro de 2008: 33.745,00 €
Segundo o site da TAP a viagem mais cara que se encontra entre Faro-Zagreb-Faro em classe executiva é de cerca de 1700€. Dá uma pequena diferença de 32 000 €. Como é que é possível???

4.      MUNICÍPIO DE LAGOA
– 6 Kit de mala Piaggio Fly para as motorizadas do sector de águas: 106.596,00 €
Pelo vistos fazer um “Pimp My Ride” nas motorizadas do Município de Lagoa fica carote!!!

5.      MUNICÍPIO DE ÍLHAVO
– Fornecimento de 3 Computadores, 1 impressora de talões, 9 fones, 2 leitores ópticos: 380.666,00 €
Estes computadores devem ser mesmo especiais para terem custado cerca de 100 000€ cada….Já para não falar nos restantes acessórios.

6.      MUNICÍPIO DE LAGOA
– Aquisição de fardamento para a fiscalização municipal: 391.970,00€
Eu não sei o que a Polícia Municipal de Lagoa veste, mas pelos vistos deve ser Haute-Couture.

7.      CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES
– VINHO TINTO E BRANCO: 652.300,00 €
Alguém me explica porque é que a Câmara Municipal de Loures precisa de mais de meio milhão de Euros em Vinho Tinto e Branco????

8.      MUNICIPIO DE VALE DE CAMBRA
– AQUISIÇÃO DE VIATURA LIGEIRO DE MERCADORIAS: 1.236.000,00 €
Neste contrato ficamos a saber que uma viatura ligeira de mercadorias da Renault custa cerca de 1 milhão de Euros. Impressionante…

9.      CÂMARA MUNICIPAL DE SINES
– Aluguer de tenda para inauguração do Museu do Castelo de Sines: 1.236.500,00 €
É interessante perceber que uma tenda custa mais ou menos o mesmo que um ligeiro de mercadorias da Renault e muito mais que uma boa casa... E eu que estava a ser tão injusto com o município de Vale de Cambra…

10.  MUNICIPIO DE VALE DE CAMBRA
– AQUISIÇÃO DE VIATURA DE 16 LUGARES PARA TRANSPORTE DE CRIANÇAS: 2.922.000,00 €
E mais uma pérola do Município de Vale de Cambra: uma viatura de 16 lugares para transportar crianças custa cerca de 3 milhões de Euros. Upsss, outra vez o município de Vale de Cambra…

11.  MUNICÍPIO DE BEJA
– Fornecimento de 1 fotocopiadora, “Multifuncional do tipo IRC3080I”, para a Divisão de Obras Municipais: 6.572.983,00 €
Este contrato público é um dos mais vergonhosos que se encontra neste site. Uma fotocopiadora que custa normalmente 7,698.42€ foi comprada por mais de 6,5 milhões de Euros. E ninguém vai preso por porcarias como esta?

COMO É POSSÍVEL NÃO ESTARMOS EM CRISE?

É DIFÍCIL CORTAR NAS DESPESAS PÚBLICAS… NOTA-SE…
- ACABÁMOS DE VER (SÓ) ALGUNS EXEMPLOS…

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Se calhar impõe-se mesmo "Descolonizar a lógica colonial"

Num tempo em que o discurso político-ideológico-partidário se esgotou, as élites urbanóides, tipo rebeldes sem causa, precisam de continuar a odiar algo e/ou alguém (os “hatters” profissionais) e, nos tempos que correm, as "redes sociais" foram o melhor brinquedo que alguém poderia inventar para dar palco a esses que gostam de se ouvir.
Assim, além das causas do Ambiente (aliás bem oportuna e necessária) e dos Animaizinhos (ok, é óbvio que não devemos tratar mal os bichinhos, porque os animais são nossos irmãos), eis que é também necessário ir ao armário buscar uns quantos esqueletos para ressuscitar fantasmas. E, neste particular, perante uns fenómenos “jamaicanos” que até deram direito a mais uns abraços e "selfies" marcelistas, cá temos assunto vasto para as ditas elites urbanas (com membros encartados por ISCTE's e afins) embarcarem no coro dos “ressentidos profissionais” (tipo Joaquinas e Mamaqui, Baa… ), cujo objectivo é explorarem os complexos de culpa dos descendentes dos colonialistas, levando-as às cordas para a implementação de uma agenda escondida mas que pouco a pouco vão revelando.
Eis os passos dessa agenda que visam prosseguir “ad aeternum” o “processo de descolonização” (parece ser uma espécie de teoria da "descolonização permanente", adaptada da teoria da “revolução permanente” de Trotsky), que se conjuga assim:
1º - “descolonizar os museus”; 2º “descolonizar a memória”; 3º “descolonizar a linguagem”; 4º “descolonizar a História”; 5º impor o “pedido de perdão” pelos crimes do colonialismo; 6º erguer museus e memoriais da Escravatura (assim, com letra maiúscula, por equiparação aos museus do Holocausto); 7º Ah, e é aqui que finalmente vão querer chegar: impor indemnizações às vítimas do colonialismo, ou seja, o pagamento de uma renda anual, ou mensal, que os descendentes dos “colonialistas” deverão pagar “ad aeternum” aos descendentes dos colonizados…

Neste quadro, descontando a fonte (o pasquim digital "O Observador") julgamos que é oportuno ler algumas opiniões dissonantes do famoso "politicamente correcto", como esta:

https://observador.pt/opiniao/descolonizar-a-logica-colonial/

Descolonizar a "lógica colonial"
Alexandre Franco de Sá

As ciências sociais foram invadidas por um discurso híbrido que mistura ciência com activismo político. Por isso, quando abordam o nosso passado ultramarino, surgem apelos à purga do espaço público.
in Observador, 09 fev 2020



quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Quando os rios são secados e a (pouca) água é sacada pelo mais forte...

Há questões bem mais importantes que as "causas" das Joacines e quejandos, as quais nos vão afectar a todos, cada vez com mais acuidade, em vez das "agendas" pantomineiras das esquerdas urbanas do bota-abaixo.

Descontando o mensageiro, que no caso é o pasquim digital "Observador" (órgão oficioso do neoliberalismo caseiro), há que não deixar esquecer o que se passou no final do verão passado, e que seguramente se vai continuar a repetir, sem que o quintal da Tugalândia tenha capacidade para se impôr ao poderoso vizinho do lado - e quem está por cima (neste caso, leia-se "a montante") está naturalmente em vantagem:

 O dia em que o Tejo desapareceu:




terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

"Reparadores da História" segundo A. Barreto e o triunfo das Joacines

Na revista P2 que se vende com o "Público", edição do passado domingo, dia da capicua 2/02/2020, publicou o Doutor A. Barreto um interessante artigo, intitulado "Os reparadores da História", o qual podemos encontrar também no seu blogue "Jacarandá" - aqui:

http://o-jacaranda.blogspot.com/2020/02/grande-angular-os-reparadores-da.html

O autor versa sobre o assunto que anda por aí na berra, no seguimento da proposta realizada pela deputada guineense na Assembleia da República portuguesa, a famigerada Joacine, na ocasião ainda decalcando um ponto do partido Livre, sobre a devolução de bens culturais em museus tugas às antigas "colónias".
Trata-se de uma velha questão que começou há décadas com as exigências dos gregos sobre os frisos do Parténon no British Museum, dos egípcios sobre as suas antiguidades enviadas (após pilhagem) para vários museus da Europa e Estados Unidos.

Também António Barreto começa por explanar estas exigências anteriores, incidindo sobre bens de grande relevância patrimonial que remetem para civilizações de primeira grandeza na História Universal, se bem que ache isso irrealista por ser foco gerador de uma grande confusão. É uma opinião respeitável, ainda que se possa defender o contrário, com toda a lógica, se esses países fossem hoje oásis de paz, tolerância, capacidade de preservação desses mesmos bens no presente e no futuro. Esse poderia ser (e foi, por exemplo, dos ingleses em relação aos gregos) um bom argumento para a não-restituição. E isto poderia continuar a ser válido se a Europa continuasse a ser um baluarte de paz e civilização, por contraste com as "zonas quentes" e atribuladas do Médio-Oriente, como se viu com o rebentamento de Palmira pelo "califado" do Daesh, assim como a pilhagem de museus na Síria e no Iraque, para já não falar dos budas de Bamian (Património Mundial), algures no Afeganistão. Todavia, com o alastrar do terrorismo e da insegurança também para a velha Europa, prenunciando uma nova Idade Média (os bábaros já estão cá dentro), parece que este argumento vai colher cada vez menos...

Mas, ao momento, esta velha questão ganhou novos contornos, com referência a outras latitudes, neste caso o "diálogo", ou melhor, a velha tensão Norte (Europa)/Sul (África). E aqui o mote começou por ser dado por Macron em 2018, ao comprometer-se com a restituição de uma série de peças artísticas do Benim a este país africano. Falta saber o que o levou a este tamanho gesto de generosidade e justiça, escolhendo o Benim, em detrimento de todo o restante espólio em Museus franceses, e até em via pública, como o obelisco de Luxor na praça de La Concorde. Talvez alguma "diplomacia comercial" na base de interesses estratégicos algures nessa parte de África, porque nestas coisas não há que se ser ingénuo.

Até que chegamos ao "nós por cá", com a já referida "exigência" da Joacine/Livre, em que a questão se concentra nos bens culturais (de foro etnográfico) supostamente "espoliados" aos povos africanos.
Na nossa opinião, do que temos lido sobre estas problemáticas, consideramos que há dois tipos de defensores das "restituições":

a) os honestos (designação minha), que muito legitimamente gostariam de ver peças originais (não réplicas) originárias dos territórios culturais de onde procederam, contribuindo para a identidade cultural dos descendentes dos seus "produtores" - como disse atrás, é uma perspectiva que podemos considerar justa, na base do princípio: não fazer aos outros o que não gostaríamos que fizessem a nós (e pensemos no que foi pilhado pelas ocupantes franceses durante as invasões napoleónicas);

b) os vingativos (designação também minha), tipo Joacines, para quem a restituição em si é o que menos importa: o que realmente pretendem é a implementação de uma agenda escondida (ou declarada) com base no ressentimento e no libelo acusatório. Ela própria disse recentemente à imprensa: "não chega devolver os territórios", agora é preciso "descolonizar os museus", depois, "descolonizar a memória", depois "reescrever a História" [leia-se: criminalizando os que outrora os portugueses consideravam heróis nacionais, ou seja, agora terá de se escrever e ensinar às criancinhas que o Infante D. Henrique foi um patife, o Diogo Cão, fazendo jus ao nome, abaixo de cão, foi outro patife, o Vasco da Gama um crápula da pior espécie, o Afonso de Albuquerque um facínora, etc, etc]. Em suma, como ela também disse, "a colonização foi um crime" e, por consequência, os chamados "Descobrimentos" foram uma página negra, nunca deviam ter ocorrido - faltando nós concluir, que têm toda a razão, se não andassem esses tugas rascas lá com as caravelas a "descobrir" e a ocupar as terras dos outros, hoje escusávamos de ter cá a Drª Joacine a chamar-nos os piores nomes, pois deveria ela lá estar de tanguinha à sombra de um cajueiro, algures em Bafatá, feliz da vida, a comunicar com batuque em vez de telemóvel. E nós por cá, sem estes terríveis problemas de consciência! O que nos arranjaram esses malvados pseudo-heróis...

Mas o tal programa, escondido ou declarado, não fica por aqui. Museus dos tais "descobrimentos"? qual quê?? - nunca, jamais! - isso é neo-colonialismo, é eurocentrismo pretensioso, o de irem lá "descobrir" outros povos, nem "achamento", nem "encontro de culturas" nem coisa nenhuma! - o que é preciso são Museus da Escravatura e da Opressão, para lhes ("lhes", a eles, tugas brancos miseráveis exploradores) esfregarmos bem no focinho, com aquilo que nos (o "nos" é a nós, africanos, negros, oprimidos e escravizados) fizeram - de onde se infere que a srª. Joacine, na verdade não se sente "portuguesa", mas é antes uma guineense que está aqui como uma justiceira, pelo que o seu lugar é na AR tuga, nasceu para estar ali, vão ter de levar com ela ali até ao fim dos tempos, para continuar a sua cruzada. E não se pretende só a reescrita da História, mas também da ortografia: tem que se escrever Escravatura com "e" maiúsculo (como ela disse), à semelhança de como se escreve Holocausto. Depreende-se que os tais museus da Escravatura serão, mutatis mutandis, réplicas dos museus do Holocausto, e, no fim da linha, está-se mesmo onde é que querem chegar as Joacines, Mamadus Bas e quejandos: primeiro, o pedido de perdão por parte dos tugas (de preferência de joelhos, e em exercícios públicos de auto-flagelação, talvez com ajuda dos muitos voluntários africanos e afro-descendentes recrutados nos bairros das Jamaicas e afins), depois do tal grande julgamento colectivo e acto de contrição... - Mas, como se dizia, "desculpa não cura ferida"... por isso... tem de haver as respectivas REPARAÇÕES...ou sejam: INDEMNIZAÇÕES por todos esses crimes atrás elencados (colonialismo, escravatura, exploração, opressão, etc). As quais os descendentes dos colonialistas (não sei se alguns miscegenados estariam isentos) deveriam pagar ad aeternum, ou, pelo menos, durante 500 anos, tempo em que durou o tal de colonialismo.

E o indigenato tuga bem-pensante, as esquerdas urbanas, aplaudem e concordam, pelo que é de esperar que assim será. Os "reaças" vão bramir e espernear, mas como a História tem mostrado, de nada lhes servirá. Isso será apenas um estertor final nesta Europa decadente, em que o tempo dos impérios passou, tal como o tempo do Homem branco caucasiano (que já nem é capaz de se reproduzir) e o tempo da auto-razão justificativa. Agora é o tempo de se dar toda a razão ao Outro, fundir-mo-nos no Outro (fase 2 do Multiculturalismo) e subjugar-mo-nos ao Outro. - É o tempo das Joacines da Guiné, trazendo pela trela assessores tugas de saias que o fazem alegremente, enquanto aguardamos pela transformação da Tugalândia em colónia dos PALOP's - como no plano económico foi acontecendo com o alastrar do império económico-financeiro da srª Isabel dos Santos e seus sequazes ou outros próximos do regime cleptocrático de Luanda, os generais do papá Zedu.

Como diria o outro: "- Habituem-se!" - Pela minha parte, não sei até que ponto aguentarei e não farei as malas para algures, quando o Titanic desta Europa se afundar de vez, e a Tugalândia com ela.

Tempos de Fim, é o que vivemos.