Seleccionar e recrutar com base no que é investimento necessário, de acordo com a transparência e mérito de cada um, sem se olhar a colorações ou filiações, neste tipo de "democracia" tuga, é uma utopia. Acreditar nisso, é o mesmo que acreditar no Pai Natal...
Andamos fartos de saber disto, mas...
... mas quando isto é dito com base em dados e referências, ganha outros foros. Aqui vos fica:
Cartão partidário? A garantia de uma carreira de
futuro
25 Maio 2017
- Cristas foi
a ministra que nomeou mais pessoal partidário
- PSD: CRESAP
não quis impedir ligações dos cargos aos partidos
- Bilhim não
“augura coisa boa” à CRESAP porque Governo “deixa andar”
- Governo diz
que está a avaliar a eficácia da CRESAP
- Os mais
escolhidos? Políticos. E homens
Se o objetivo era diminuir a influência dos partidos
no Estado, a Comissão de Recrutamento e Seleção da Administração
Pública não conseguiu evitar o favorecimento aos dirigentes da cor do Governo.
Um estudo do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas demonstra que
esta entidade independente não conseguiu travar a tendência histórica de
colonização do Estado pelos aparelhos partidários. Uma tese sobre o mérito na
administração pública, a que o Observador teve acesso — e que está à espera de
publicação na revista científica daquela faculdade — demonstra que possuir
cartão partidário aumenta de forma exponencial as probabilidades de nomeação.
Metade dos militantes do PSD e do CDS que chegaram às short-lists dos
concursos daquela comissão foram nomeados durante o Governo de Pedro Passos
Coelho e Paulo Portas.
Na passada legislatura, dos 62 militantes do
CDS cujos nomes chegaram à mesa dos ministros como tendo currículo adequado, 36
foram escolhidos para os cargos a que se propunham nos concursos da
Comissão de Recrutamento e Seleção da Administração Pública (CRESAP). Isto
significa que foram nomeados mais de metade dos centristas a chegar às short-lists finais,
entregues aos governantes com os três nomes mais bem colocados após os
concursos. A percentagem de 58% de militantes do CDS nomeados é mesmo superior
à dos filiados no PSD, o maior partido da coligação do Governo. No caso dos
sociais-democratas, dos 119 que passaram às short-lists, 58 ficaram
com os lugares, o que representa a nomeação de 48,7% dos candidatos laranja que
chegaram à fase final dos concursos.
A diferença é enorme quando estes valores são
comparados com os dos militantes do PS que nos concursos passaram à
finalíssima. Apenas 19 dos 102 nomes socialistas que tinham um currículo
considerado adequado pela CRESAP — e que também foram aprovados na fase da
entrevista — acabaram por ser nomeados. Ou seja, só 18,6% dos filiados
no PS que chegaram às short-lists foram selecionados como
dirigentes na administração pública pelo Governo PSD/CDS.
A
vantagem de estar, como candidato, do lado do poder, percebe-se ainda melhor
quando se analisam os resultados dos concursos a que se apresentavam
independentes. Foram nomeadas 139 pessoas sem militância identificada pelo
estudo, num universo de 468 independentes que chegaram às short-lists: a percentagem é de 27,9% de independentes
designados. O número absoluto é mais elevado que o do pessoal partidário, mas
os independentes nem chegam a ser um terço dos escolhidos em relação aos que
concorreram.
O estudo, intitulado “Mérito e administração pública: a CRESAP e a escolha dos altos dirigentes”, também indica a existência de uma “discriminação” em relação às mulheres e conclui que “existe uma ampla discricionariedade na nomeação por parte dos responsáveis governamentais”. Trata-se de uma tese de licenciatura de Carina Correia, orientada pelo professor Joaquim Croca Caeiro, no âmbito do curso de Administração Pública. Segundo a autora do trabalho, “é no momento da nomeação que os membros do Governo, usando do seu poder
discricionário, promovem a nomeação dos candidatos que integram a sua cor política”.
Isto mostra que o modelo de seleção dos dirigentes da administração pública ainda tem “algumas falhas”: a CRESAP envia uma short-list com três nomes ao ministro que deve fazer a nomeação e que, em grande parte dos casos, escolhe aquele que é “da sua cor política”, com predomínio para o género masculino. Joaquim Croca Caeiro foi também ele nomeado vogal do Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social e era na época militante do PSD. Mais tarde sairia do PSD, mas na altura foi um dos nomeados com ligação partidária.
Este trabalho confirma a tendência identificada pela investigação do Observador publicada esta segunda-feira, sobre a partidarização dos dirigentes da Segurança Social e do Instituto do Emprego e da Segurança Social: há uma colonização do Estado e uma alternância quase perfeita de militantes do PS, PSD e CDS nas estruturas de topo e intermédias.
(continua)
Vale a pena ler o resto, aqui, no "insuspeito" Observador:
http://observador.pt/especiais/cartao-partidario-a-garantia-de-uma-carreira-de-futuro/
O estudo, intitulado “Mérito e administração pública: a CRESAP e a escolha dos altos dirigentes”, também indica a existência de uma “discriminação” em relação às mulheres e conclui que “existe uma ampla discricionariedade na nomeação por parte dos responsáveis governamentais”. Trata-se de uma tese de licenciatura de Carina Correia, orientada pelo professor Joaquim Croca Caeiro, no âmbito do curso de Administração Pública. Segundo a autora do trabalho, “é no momento da nomeação que os membros do Governo, usando do seu poder
discricionário, promovem a nomeação dos candidatos que integram a sua cor política”.
Isto mostra que o modelo de seleção dos dirigentes da administração pública ainda tem “algumas falhas”: a CRESAP envia uma short-list com três nomes ao ministro que deve fazer a nomeação e que, em grande parte dos casos, escolhe aquele que é “da sua cor política”, com predomínio para o género masculino. Joaquim Croca Caeiro foi também ele nomeado vogal do Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social e era na época militante do PSD. Mais tarde sairia do PSD, mas na altura foi um dos nomeados com ligação partidária.
Este trabalho confirma a tendência identificada pela investigação do Observador publicada esta segunda-feira, sobre a partidarização dos dirigentes da Segurança Social e do Instituto do Emprego e da Segurança Social: há uma colonização do Estado e uma alternância quase perfeita de militantes do PS, PSD e CDS nas estruturas de topo e intermédias.
(continua)
Vale a pena ler o resto, aqui, no "insuspeito" Observador:
http://observador.pt/especiais/cartao-partidario-a-garantia-de-uma-carreira-de-futuro/
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