segunda-feira, 2 de setembro de 2013

AUTÁRQUICAS - SLOGANS

Abrimos aqui um espaço dedicado às Eleições Autárquicas - cá pela Aldeia Tuga.
Em estreia, aqui fica, enviado por uma colaboradora, nossa correspondente a partir da Lísbia:

«Não sei se o fenómeno também anda por aí, mas aqui na capital os cartazes eleitorais merecem ser lidos. Porque nos deixam a pensar… senão vejamos: um candidato surge com o lema: “Em Lisboa com os dois pés”. O que nos faz pensar que costumamos andar por cá ao pé-coxinho. Na maior parte dos casos não andamos, desesperamos à espera dos autocarros, mas ao pé-coxinho… Outro declara “Resgatar uma cidade sequestrada”, a recordar os dias do Bader Meinhof, que na Alemanha dos idos de 60 se dedicou a rebentar bombas e a fazer assassinatos e sequestros; também nos remete para o bonito cenário de guerra do aqui quase mesmo ao lado Egipto (o Mediterrâneo não é um mar assim tão grande). Depois há dois interessantes patuscos que devem ter pensado ser incómodo puxar pela cabeça por uma coisinha de nada como eleições autárquicas e decidiram copiar-se um ao outro – saudosos talvez dos dias testes do liceu – ficando nós na dúvida sobre quem foi o cábula. Um destes patuscos reclama “Juntos Fazemos Lisboa” e o outro “Queremos Lisboa”. Isto levanta-nos difíceis questões: quem é que faz Lisboa? Os candeeiros da rua, as ratazanas, os poucos velhotes em casas a cair de velhas e os turistas, pois são os únicos habitantes de Lisboa pós-horário de trabalho? E quando ao “Queremos Lisboa”… quer dizer que lha tiraram (e quem?) ou é a modos que uma daquelas guerras de gelados na praia “oh, mãaae… mas eu quero um gelado!”. Há outro patusco que afirma ainda, convicto: “Com os mesmos de sempre não espere nada de diferente”. Muito esclarecedor em termos de programa de acção; em que é que vão ser diferentes após as urnas, pois aí é que as diferenças (ou o mais do mesmo) se começam a ver. Por fim, talvez acusando o desgaste das periferias, um dos candidatos aqui na Amadora reivindica: “Queremos mais medicamentos comparticipados”. Esclareçam-me, pois aqui fiquei de todo baralhada. É que da última vez que verifiquei, a decisão da comparticipação de medicamentos era decidida em sede de Ministério, não numa câmara municipal. A legislação mudou? Porque se não mudou, o que pode um presidente de câmara ou já agora de freguesia, fazer sobre o assunto? Iniciar uma rede de troca de medicamentos, assim ao modo dos livros escolares? Oferecer os medicamentos do seu próprio bolso? É impressão minha ou a crise também chegou às ideias? Ou será que a crise, como o brandy Constantino, já vem de longe?»

por: E. N.
 

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