terça-feira, 27 de maio de 2014

Uma pergunta de A. Garrett (de 1846), cada vez mais actual....

 Mão amiga fez-nos chegar.... (sublinhados nossos):

 OPINIÃO
A Pergunta de Almeida Garrett 
por Viriato Soromenho-Marques, Professor Universitário

A organização não governamental Oxfam aproveitou a realização do Fórum de Davos, por onde passam algumas das personalidades mais poderosas do Mundo, para divulgar um importante relatório sobre a Desigualdade no Mundo de Hoje (Working for the few).  A informação é absolutamente Esmagadora e conta-nos algo que todos já começámos a saber não só pelo Conceito, mas também pela Experiência. Depois de 30 anos em que as Políticas Públicas do pós-guerra, a nível global, ajudaram a diminuir a Desigualdade, entrámos num Ciclo Inverso em que o Estado se tornou Instrumento dos Ideólogos do "Neoliberalismo" Económico. A Riqueza cresceu mas a Desigualdade, essa Explodiu numa Aceleração Exponencial. O Capitalismo Financeiro, na sua Desmesura Devoradora de Recursos Naturais e Capacidades Humanas sob o pretexto de ajudar o "Terceiro Mundo" a sair da Pobreza, acabou por criar dois Buracos Negros para onde o Planeta caminha: O da Crise Ambiental e Climática e o da Crise da Injustiça Social e da Desigualdade. Quando verificamos que na própria Europa a Pobreza se Dissemina como um vírus, percebemos que hoje não faz sentido falar em "Terceiro Mundo" porque esse é o único que existe... O Relatório conta-nos que 85 super-ricos possuem a riqueza  correspondente à da Metade Mais Pobre da População Mundial. Isto responde à pergunta formulada por Almeida Garrett em 1846 nas Viagens da Minha Terra: "E eu pergunto aos Economistas, Políticos, aos Moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é Forçoso Condenar à Miséria, ao Trabalho Desproporcionado, à Desmoralização, à Infâmia, à Ignorância Crapulosa, à Desgraça Invencível, à Penúria Absoluta, para Produzir Um Rico?"
Em 2014, um Super-Rico custa a Miséria de 41.176.000 Infelizes.

Só acrescentamos o seguinte: Garrett era um burguês e um Liberal, ainda que Liberalismo fosse, à época, uma doutrina política de vanguarda (o  1º vol. do Kapital, de K. Marx só sairia em 1867); todavia, apesar da sua "condição de classe" isso não o impediu de ver a injustiça social que nesse tempo se acentuava, quando a procissão do industrialismo ainda saía do adro (e em Portugal nem isso, nessa data)....
Pergunto-me se os burgueses e neoliberais de hoje têm esse tipo de preocupações?.... Bem, basta lembrar o senhorzito do "Eles aguentam, aguentam...", já aqui evocado neste blogue... - De onde é lícito concluir que burguesia de hoje não passa de um bando de aves de rapina sem moral e sem alma, nem outro objectivo que não seja o da rapina. Pelo que, apesar de serem "espécies protegidas", acho que também é licito concluir que andam a precisar de umas boas chumbadas!.... (e no passado domingo já levaram uma, mas ainda é pouco...)


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