A brincar a brincar, o Sr. Ferreira Fernandes, em artigo no DN (ver em
baixo) pôs o dedo na Frida (que não Kalo).
- Na verdade, na lógica capitalista, tudo é business!
Os monumentos? são para se "fruir"... tudo tem de se fruir,
carago!, sobretudo se é malta endinheirada, que quer ter uma...
"experiência diferente"! - jantares de gala em sítios chiquérrimos? -
isso já é banal para eles, gente que já experimentou de tudo, precisamente
porque tem muita massa.
O que era preciso assim algo diferente (para algo de bom, há muito que
existe o "Ferraro Roché") - o que era preciso, agora, era mesmo
algo... de arrepiar. Só faltou mesmo, para completar o número, uns
"fantasmas" embrulhados em lençóis, a deambular entre os sepulcros,
e umas gravações com uns gritos lancinantes e o ranger de umas funéreas tumbas....
E foi pena não ter sido pelo Halloween, senão punham-se umas carrancas
de abóbora com velas dentro sobre os túmulos do Camões e afins (nesses não há
problema, porque até estão vazios). - Desde que esta gente pague, e bem, porque
não?? Já que o Estado respeitável e omnipresente (em desconstrução acelerada
por parte desses mesmos devotos dos "empreendedorismos" e das
"startups") está cada vez mais sem cheta, porque não aderir a estas
brilhantes e "empreendedoras" soluções, dentro do espírito do
"Estado mínimo", neoliberal, imaginativo, criativo, sensitivo, lucrativo?
- Há muito que se transformam velhos mosteiros e castelos em pousadas e
afins? Pior era se abrissem um cabaré no Panteão (se calhar era esse o caminho,
se não houvesse este burburinho - até rima!). Estão muito indignados? Pois esperem só pelo
novo "Instituto do Património, S.A." que aí vem... - se fôr ainda com a
"geringonça", teremos uma versão soft; se fôr com uma nova coligação
tipo PaF, então será melhor ainda!...
Ora tomem lá:
Do Panteão pobre a uma Startup supermilionária
Agora, o Panteão.
Jantou-se sob a cúpula. Culpa deste governo. Tudo dentro dos regulamentos de
2014. Culpa do governo anterior... Conversetas! Ora as culpas são outras. 1)
Janta-se nos monumentos por falta de dinheiro. E 2) Ao alugar claustros e
salões nobres não sabemos transformar a pobreza num orgulho. Por exemplo, para
os da Web Summit, no Panteão, dizer-lhes quem somos. Ah, querem jantar com as
nossas falecidas glórias? Então, além do cheque, ofereçam a vossa atenção! Não
temos cá o Bulhão Pato (o melhor deste é servido em amêijoas nas tascas da cidade),
mas temos Aquilino, o da cripta ao lado, que em A Casa Grande de Romarigãescozinhava a truta
de dez maneiras. Ao menu chamar-se-ia Cartilha Maternal(homenagem a outro
hóspede, João de Deus) e seria só peixe. Para lhes dizer, nós é mar - ao jantar
citar-se-ia mil vezes Sophia. E, já agora, ó campeões da imaginação, o Eusébio
está cá a representar mais que ele: foi colega de Coluna, um negro que mandava
numa equipa de brancos quando isso ainda não existia. Silêncio, anunciava-se
Amália e ouvia-se Max a cantar a Rosinha dos Limões. "Mas ela não
era uma fadista?!", diria um geek. Cala-te e ouve (e
agora era Amália a cantar): o fado Marujo, igualzinho... Lição
para os da Web Summit: as invenções entrelaçam-se. Tanta coisa temos para vos
ensinar enquanto mastigam... Investíamos as receitas dos jantares numa startup milionária: o Museu dos Descobrimentos. E com este
libertávamos da pobreza o Panteão
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