sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

"Revolução" ou Retrocesso?


Em tempos de Fim, fim de ano, fim dos tempos, etc., um Amigo enviou-nos este panfleto que afixamos aqui no salão da Junta, pois que na praça agora está frio e molhado. - Para reflexão.
Deixem-se de consumiços natalícios e parem um pouco para pensar.
É um panfleto pessimista-optimista, partindo do princípio progressista de que o mundo muda sempre para melhor... O autor, anónimo, não sabe que há retrocessos na História. A Idade Média foi um desses tempos. Regressou-se aos níveis da troca directa, depois de uma economia monetarizada (os romanos só não tinham o cartão multibanco porque não tinham electrónica, mas os denários circulavam desde a Hispânia à Palestina - aliás, com uns 30 desses, um tal de Judas vendeu o Mestre)...
Que o Mundo está a mudar a velocidade vertiginosa, creio que não há dúvidas... E, como "Ocidental", seja isto o que fôr, julgo que não é para melhor. Deitem foguetes os chineses, ou russos, ou indianos, ou mesmo a matilha islâmica... "Nós" não. E quando digo "nós", refiro-me aos tristes seres da Decadência, ou, no dizer de F. Pessoa, aliás, Ricardo Reis, "pagãos tristes da Decadência"...
Boas Festas e...
Finito!

Aqui fica, esperando que não vos estrague o Natal:
PREC (ML): PROCESSO REVOLUCIONÁRIO EM CURSO...(MUNDIAL em LANÇAMENTO)

PARA PONDERAR...

  Não sei se isto é de ponderar seriamente ou se é só alarmismo?.
que assistimos a grandes mudanças e inovações...claro que sim
se vamos sentir a diferença em meses...duvido,
mas em muito poucos anos....é mais que óbvio e certo

Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que a Revolução, uma nova Era já começou!

As pessoas andam um bocado distraídas! Não deram conta que há cerca de 3 meses começou a Revolução! Não! Não me refiro a nenhuma figura de estilo, nem escrevo em sentido figurado! Falo mesmo da Revolução "a sério" e em curso, que estamos a viver, mas da qual andamos distraídos (desprevenidos) e não demos conta do que vai implicar. Mas falo, seguramente, duma Revolução!

De facto, há cerca de 3 ou 4 meses começaram a dar-se alterações profundas, e de nível global, em 10 dos principais factores que sustentam a sociedade actual. Num processo rápido e radical, que resultará em algo novo, diferente e porventura traumático, com resultados visíveis dentro de 6 a 12 meses... E que irá mudar as nossas sociedades e a nossa forma de vida nos próximos 15 ou 25 anos!

.. tal como ocorreu noutros períodos da história recente: no status político-industrial saído da Europa do pós-guerra, nas alterações induzidas pelo Vietname/ Woodstock/ Maio de 68 (além e aquém Atlântico), ou na crise do petróleo de 73.

Estamos a viver uma transformação radical, tanto ou mais profunda do que qualquer uma destas! Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que a Revolução já começou!

Façamos um rápido balanço da mudança, e do que está a acontecer aos "10 factores":

1º-
 A Crise Financeira Mundial : desde há 8 meses que o Sistema Financeiro Mundial está à beira do colapso (leia-se "bancarrota") e só se tem aguentado porque os 4 grandes Bancos Centrais mundiais - a FED, o BCE, o Banco do Japão e o Tesouro Britânico - têm injectado (eufemismo que quer dizer: "emprestado virtualmente à taxa zero") montantes astronómicos e inimagináveis no Sistema Bancário Mundial, particularmente no Europeu, sem o qual este já teria ruído como um castelo de cartas. Ainda ninguém sabe o que virá, ou como irá acabar esta história !...

2º- A Crise do Petróleo : Desde há 6 meses que o petróleo entrou na espiral de preços. Não há a mínima ideia/teoria de como irá terminar. Duas coisas são porém claras: primeiro, o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007 (ou seja, a alta de preço é adquirida e definitiva, devido à visão estratégica da China e da Índia que o compram e amealham!) e começarão rapidamente a fazer sentir-se os efeitos dos custos de energia, de transportes, de serviços. Por exemplo, quem utiliza frequentemente o avião, assistiu há 2 semanas a uma subida no preço dos bilhetes de... 50% (leu bem: cinquenta por cento, considerando bilhete + taxa de combustivel). É escusado referir as enormes implicações sociais deste factor: basta lembrar que por exemplo toda a indústria de férias e turismo de massas para as classes médias (que, por exemplo, em Portugal ou Espanha representa 15% do PIB) irá virtualmente desaparecer em 12 meses! Acabaram as viagens de avião baratas (...e as férias  massivas!), a inflação controlada, etc...

3º-
 A Contracção da Mobilidade : fortemente afectados pelos preços do petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer contracção profunda e as trocas físicas comerciais (que sempre implicam transporte) irão sofrer fortíssima retracção, com as óbvias consequências nas indústrias a montante e na interpenetração económica mundial.

4º-
 A Imigração: a Europa absorveu nos últimos 4 anos cerca de 40 milhões de imigrantes, que buscam melhores condições de vida e formação, num movimento incessante e anacrónico (os imigrantes são precisos para fazer os trabalhos não rendíveis, mas mudam radicalmente a composição social de países-chave como a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra ou a Itália). Este movimento irá previsivelmente manter-se nos próximos 5 ou 6 anos! A Europa terá em breve mais de 85 milhões de imigrantes que lutarão violentamente pelo poder e melhor estatuto sócio-económico (até agora, vivemos nós em ascensão e com direitos à custa das matérias-primas e da pobreza deles)!

5º-
 A Destruição da Classe Média : quem tem oportunidade de circular um pouco pela Europa apercebe-se que o movimento de destruição das classes médias (que julgávamos estar apenas a acontecer em Portugal e à custa destes ultimos governos) está de facto a "varrer" o Velho Continente! Em Espanha, na Holanda, na Inglaterra ou mesmo em França os problemas das classes médias são comuns e (descontados alguns matizes e diferente gradação) as pessoas estão endividadas, a perder rendimentos, a perder força social e capacidade de intervenção.

6º-
 A Europa Morreu : embora ainda estejam projectar o cerimonial do enterro, todos os Euro-Políticos perceberam que a Europa moribunda já não tem projecto, já não tem razão de ser, que já não tem liderança e que já não consegue definir quaisquer objectivos num "caldo" de 27 países com poucos ou nenhuns traços comuns!... Já nenhum Cidadão Europeu acredita na "Europa", nem dela espera coisa importante para a sua vida ou o seu futuro! O "Requiem" pela Europa e dos "seus valores" foi chão que deu uvas. Só os muitos milhares de politicos e empregados na "organização", que dela dependem em ordenados e reformas ainda lutam desesperadamente pela sua continuidade.

7º-
 A China ao assalto! Contou-me um profissional do sector: a construção naval ao nível mundial comunicou aos interessados a incapacidade em satisfazer entregas de barcos nos próximos 2 anos, porque TODOS os estaleiros navais do Mundo têm TODA a sua capacidade de construção ocupada por encomendas de navios... da China. O gigante asiático vai agora "atacar" o coração da Indústria europeia e americana (até aqui foi just a joke...). Foram apresentados  nos mais importantes Salões Automóvel mundiais os novos carros chineses. Desenhados por notáveis gabinetes europeus e americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos, os novos carros chineses são soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes (eu já os vi!) e vão chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros! E quando falamos de Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia...helás! Estamos a falar de centenas de milhar de postos de trabalhos e do maior motor económico,  financeiro e tecnológico da nossa sociedade. À beira desta ameaça, a crise do têxtil foi uma brincadeira de crianças! (Os chineses estão estrategicamente em todos os cantos do mundo a escoar todo o tipo de produtos da China, que está a qualificá-los cada vez mais - vejam-se os novos computadores e telemóveis a baterem as melhores marcas em inovação e preço).

8º- A Crise do Edifício Social : As sociedades ocidentais terminaram com o paradigma da sociedade baseada na célula familiar! As pessoas já não se casam, as famílias tradicionais desfazem-se a um ritmo alucinante, as novas gerações não querem laços de projecto comum, os jovens não querem compromissos, dificultando a criação de um espírito de estratégias e actuação comum e as ditas "modas de junções homosexuais" em voga que pretendem a Adopção Plena...

9º-
 O Ressurgir da Rússia/Índia : para os menos atentos: a Rússia e a Índia estão a evoluir tecnológica, social e economicamente a uma velocidade estonteante! Com fortes lideranças e ambições estratégicas, em 5 anos ultrapassarão a Alemanha!

10º-
 A Revolução Tecnológica : nos últimos meses o salto dado pela revolução tecnológica (incluindo a biotecnologia, a energia, as comunicações, a nano tecnologia e a integração tecnológica) suplantou tudo o previsto e processou-se a um ritmo 9 vezes superior à média dos últimos 5 anos!

Eis pois, a Revolução!

Tal como numa conta de multiplicar, estes dez factores estão ligados por um sinal de "vezes" e, no fim, têm um sinal de "igual". Mas o resultado é ainda desconhecido e... imprevisível.
Uma coisa é certa: as nossas vidas vão mudar radicalmente nos próximos 12 meses e as mudanças marcar-nos-ão (permanecerão) nos próximos 10 ou 20 anos, forçando-nos a ter carreiras profissionais instáveis, com muito menos promoções e apoios financeiros, a ter estilos de vida muito mais modestos, menos recreativos e bastante ecológicos.

Espera-nos o Novo! Como em todas as Revoluções!


Um conselho final: é importante estar aberto e dentro do Novo, visionando e desfrutando das suas potencialidades! Da Revolução! Ir em frente! Sem medo!

Afinal, depois de cada Revolução, o Mundo em geral sempre mudou para melhor!...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Reflexão sobre o "interior"

Mão amiga fez-nos chegar o texto que se segue, saído no Jornal Económico, e a quem munto agradecemos.

Concorde-se ou não, não deixa de ser uma reflexão com interesse aqui para a Aldeia, que, como sabem, se queda no tal de "interior"... 

Está aberto o debate, o que quer dizer, a discussão, aqui na praça do povoado (ou, porque está frio e um naboeiro do c******, será melhor ali dentro no café do Manel):


http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/sujeito-interior-99849

Sujeito Interior

Num tempo de precariedade e mobilidade que causam mal-estar social, o Interior pode proporcionar maiores oportunidades às pessoas de se enraizarem e de terem um lugar.
Na semana passada, o ministro-adjunto Eduardo Cabrita, acompanhado pelo ministro do Ambiente João Pedro Matos Fernandes, apresentou na Universidade da Beira Interior o Programa Nacional para a Coesão Territorial, no qual se dá relevo à sua maior dificuldade: a progressiva desactivação e despovoamento do Interior. O Programa é composto por um conjunto de 164 medidas, cuja implementação será monitorada pelo Conselho de Ministros com uma periodicidade semestral. Este importante documento foi preparado pela Unidade de Missão para a Valorização do Interior, coordenada por Helena Freitas. O seu último capítulo apresenta um título ambicioso: “Uma agenda para o Interior”. Ao lê-lo somos capazes de acreditar que o Interior estará para o Governo Costa como a paixão da educação esteve para o governo Guterres. O que faz falta, sobretudo no que tem de ambição. Este é o pretexto para nove notas que gostaria de pôr à consideração.
1.      O Interior de que se fala quando se fala politicamente do Interior não é uma categoria genuinamente territorial. Se assim fosse, Portugal pouco interior teria, pois é todo ele uma faixa que nunca dista muito mais de duas horas da beira-mar. O “jardim à beira-mar plantado” de que falava Tomás Ribeiro referia-se a Portugal inteiro, com costa e “interior”. O Interior não é, contudo, uma ilusão ou um mito. É uma realidade bem concreta e sentida por quem nele vive. Mas não tanto de natureza territorial quanto de carácter social, estabelecida por meios económicos e conservada por meios culturais.
2.      Na verdade, acontece com a desigualdade territorial o mesmo processo de reificação que, no passado, levou pessoas a justificar outras formas de desigualdade, como a de género, ou até mesmo a racial. A desigualdade resultaria de disposições naturais que ultrapassariam o âmbito da escolha política e seria, portanto, uma fatalidade. Mas tal como a diferença de género não é efectivamente a causa da desigualdade, também a diferença territorial não é a causa da desigualdade territorial. A reificação é um processo de naturalização que visa tornar-nos mais tolerantes à desigualdade que, de outro modo, não aceitaríamos num quadro democrático que se presume regulado por princípios de justiça social.
3.      Este artifício da polarização territorial Interior/Litoral é indissociável de uma outra operação de reificação: o ocultamento da variedade dos territórios postos sob o rótulo “Interior”. Um Interior homogéneo exacerba a diferença para com um Litoral igualmente representado como uma entidade homogénea. Se a primeira reificação tem de ser desmistificada na maneira como naturaliza uma desigualdade evitável, a segunda tem de ser invertida através de uma prática de diferenciação de “Interiores”. Não apenas para assim relativizar o absolutismo de que o território nacional tem por divisão primordial a divisão Interior/Litoral, mas, mais importante, para não desperdiçar o principal recurso para uma capacitação do Interior: precisamente, a sua variedade. Pelo que é preciso concordar com a declaração de Helena Freitas na apresentação do Programa: “O grande problema [de outros programas e das políticas públicas] é que olham para o interior como um todo”.
4.      Mas há outros grandes problemas no design de políticas públicas com que, em passado bem recente, foi enfrentada a questão do “Interior”. Um prende-se com a maneira como se encaram as políticas de discriminação positiva com vista à coesão territorial. Ou estas foram prontamente descartadas, como sucedeu, por exemplo, com a tristemente célebre evocação de um princípio do utilizador-pagador igual para todos, que serviu para justificar a desastrosa introdução de portagens nas auto-estradas do interior do país. Ou, não sendo descartadas, pelo menos foram desqualificadas ao serem interpretadas como políticas assistencialistas, quase sempre eivadas de paternalismo centralista, que no lugar de corrigir antes confirmam a desigualdade territorial e das respectivas populações, umas assumidas como genuínos sujeitos e as outras apenas como pacientes de assistência. Ambos os casos — o do igualismo e o do assistencialismo — falham na compreensão de que a discriminação positiva é um instrumento central, e não acessório, da governação. É dispensá-lo que torna o território um problema, deixando um tanto absurdamente o país desconfortável com o espaço que ocupa no mundo. As políticas de incentivos fiscais podem desempenhar aqui um importante papel. É disso exemplo a redução da taxa de IRC para micro, pequenas e médias empresas a exercer no Interior prevista no OE de 2017.
5.      Outro problema no enfrentamento da desigualdade territorial está numa espécie de romantismo da ruralidade, do valor histórico, da conservação, que sendo apreciável e tendo no turismo algumas oportunidades não deixa, ainda assim, de contribuir para musealizar territórios inteiros, deixando-os fora do tempo actual, concentrado noutros lugares. Na verdade, a musealização do Interior, se tomada como uma tendência de primeira ordem, apenas serve para confirmar a sua inactivação, não raro com maior condicionamento das populações residentes, que se vêem a si e às suas vidas objectivadas num papel turístico.
6.      Ainda outro problema com políticas passadas é a designada “racionalização da prestação de serviços públicos”. Se limiares mínimos de qualidade não podem ser postos em causa na prestação de serviços públicos, muito especialmente os de saúde, o critério da eficiência económica não pode resultar num desaparecimento quase literal do Estado de grandes porções do território. Mesmo que o recurso a serviços móveis ou virtuais resolva muito, o Estado não pode abandonar o território ou “estar” por lá apenas virtualmente.
7.      Por fim, um último problema tem que ver com sujeitos políticos. Há uma incapacidade de ultrapassar regionalismos e capelinhas dentro do Interior, quase sempre atravessados  por jogos de influências partidárias, que só embaraçam o desafio mais importante que é o de ter escala, ligando distritos e NUTS do Interior com ganhos de capacidade, racionalidade e inclusão. Contrariamente ao que pode parecer uma evidência, estes regionalismos resolviam-se, pelo menos parcialmente, com a regionalização política. Por exemplo, enquanto os presidentes das comunidades intermunicipais forem presidentes de câmaras, como se pode esperar que tenham uma prioridade diferente da que os elegeu como presidentes dos seus municípios? Entre a escala do poder central e a escala do poder municipal há um vácuo que deixa a escala de interdependências e sinergias regionais de que o país precisa sem escala  democrática apropriada.
8.      À falta que a regionalização faz soma-se a falta de representação dos territórios despovoados na Assembleia da República. O Litoral, que corresponde a apenas 11% do território, elege mais de metade dos parlamentares. E os oito círculos eleitorais do Interior, cuja área cobre 56,3% do território nacional – Beja, Bragança, Castelo Branco, Évora, Guarda, Portalegre, Vila Real e Viseu – não elegem mais do que 33 deputados, ou seja 14,35% do parlamento. Além de escassa, esta representação parlamentar do Interior está comprimida aos  grandes partidos. Razões para reflectir sobre a necessidade de uma reforma eleitoral e ponderar unir círculos eleitorais aumentando o número e a diversidade de deputados que representam o interior.
9.      Apesar de todas as reificações, o “Interior” que preenche o imaginário de muitos, sobretudo dos que o habitam, tem também uma semântica positiva incrustrada e que tem de ser pensada para lá dos seus limites territoriais. Tal como os problemas de interioridade não são exclusivamente do Interior, também as soluções para a interioridade podem ser encontradas, sem exclusivismos, numa semântica do Interior. Uma semântica que proponha o Interior não como uma fatalidade mas como uma visão capaz de responder aos seus problemas em primeiro lugar, mas igualmente aos problemas nacionais e até aos problemas globais. Num tempo de precariedade e mobilidade que causam mal-estar social, o Interior pode proporcionar maiores oportunidades às pessoas de se enraizarem e de terem um lugar. E a pergunta a pôr é se não é essa uma boa maneira de conceber o desenvolvimento, seja qual for a escala em que o pensemos? Em suma, o Interior só deixará de ser o paciente se dele fizermos um pleno sujeito, político e com visão.

O autor escreve segundo a antiga ortografia [este é cá dos nossos!! - que s'alixe lá o (des)Acordo "Hortográfico"]