Numa intervenção certeira e de grande clarividência, como de costume, o grande transmontano Adriano Moreira afirma que a Tugalândia está governada por um "neoliberalismo repressivo", com a desculpa da "crije". Não podemos estar mais de acordo, tal como o temos dito aqui pela Aldeia. O que nos leva a suspeitar que toda esta "crije", mesmo global, foi forjada para se poder aplicar uma agenda neoliberal cozinhada pela famigerada "Escola de Chicago" (aliás, "para chi cago!") e adoptada pela pandilha do Tea Party do republicanismo americanóide. Que do lado das américas nunca vem nada de bom, já nós sabemos - que se pode esperar de uma coisa que nasceu do massacre e espoliação de índios e manutenção do esclavagismo negro até bastante tarde? - Agora que pelas Europas haja gente que siga cegamente essas cartilhas fabricadas e engolidas por estúpidos e gordos comedores de hamburgers, é mais grave.
Ainda sobre o que diz Adriano, é de salientar que nem o "ominoso fascismo" foi tão longe nesta política de "Robin dos Bosques ao contrário", ou seja, de roubar aos pobres para dar aos ricos, com a desculpa da famigerada "Crije"... O que nos leva a questionar, que sentido faz, hoje, comemorar o 25/04....
Aqui fica:
«Adriano Moreira: Portugal está
governado por "neoliberalismo repressivo"
Volvidas
quatro décadas de democracia, Portugal está governado por um
"neoliberalismo repressivo", focado no "ataque ao Estado
social" e que justifica tudo com "resposta simples" de que
"não há dinheiro", critica o professor Adriano Moreira.
"Não ter
dinheiro não significa não ter princípios e, portanto, é necessário que a falta
de dinheiro não seja acompanhada por lançar os princípios pela janela",
contrapôs o ex-ministro, ex-deputado e ex-líder do CDS-PP em entrevista à
agência Lusa.
Portugal está hoje numa situação que "talvez não tenha precedente na
vida europeia", assinalou, contrapondo que, para "animar a população
portuguesa no sentido de recuperar um futuro com dignidade", é preciso
dar-lhe "esperança".
Mas, em vez disso, a vida corre "cheia de dificuldades". A
democracia produziu "efetivamente um grande desenvolvimento" e
"o modo de vida aproximou-se da Europa", mas a "espécie de
engenharia imaginosa financeira" que se lhe seguiu resultou numa
"evolução muito má (...) até chegar a esta crise global", analisa o
professor.
Neste contexto, Portugal "acentuou a sua condição de país exógeno
(...), evolucionou para país exíguo e finalmente caiu na situação atual, de
protetorado sem definição jurídica", descreveu Adriano Moreira, que
recentemente assinou o "manifesto dos 70", que defende a
reestruturação da dívida nacional.
Recordando que Portugal "sempre dependeu de apoio externo", o
professor admitiu, porém, que essa dependência instalou "vícios" no
país. Caído o Muro de Berlim e com ele a divisão entre o modelo ocidental e o
comunista, restou o "neorriquismo e a tónica passou a ser gastar mais do
que as disponibilidades", resumiu.
"É muito difícil dizer quem é o mais responsável. Eu acho que somos
todos responsáveis", frisou, insistindo na importância de definir "um
conceito estratégico nacional", o que implica um "consenso"
alargado e que todas as diferenças se subordinem "a um conjunto de
objetivos e valores que unem a comunidade", em vez de contribuir para
"os desafetos, por exemplo, pondo os velhos contra os novos, pondo os
reformados contra os ativos".
Para o académico, esse conceito deve privilegiar a relação de Portugal com o
mar e defender "uma situação de igualdade na comunidade das nações" e
de "dignidade nas relações entre os países".
A aposta na educação e nas instituições é outra das propostas de Adriano
Moreira. "A investigação e o ensino são matéria de soberania, não são
matéria de mercado", sustenta.
"Quando vejo a situação em que se encontram hoje as universidades
portuguesas, acho que o conceito estratégico nacional está abalado",
lamentou o presidente da Academia das Ciências de Lisboa.
"A
democracia não é constituída só por indivíduos, também é por
instituições", pois são estas "que asseguram a continuidade dos
valores, dos projetos e da ação", frisou o professor de 91 anos, que olha
à volta e vê um cenário "de grande inquietação", o que justifica o
título que deu ao seu último livro, "Memórias do Outono Ocidental",
"porque as folhas estão a cair».