terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

"Reparadores da História" segundo A. Barreto e o triunfo das Joacines

Na revista P2 que se vende com o "Público", edição do passado domingo, dia da capicua 2/02/2020, publicou o Doutor A. Barreto um interessante artigo, intitulado "Os reparadores da História", o qual podemos encontrar também no seu blogue "Jacarandá" - aqui:

http://o-jacaranda.blogspot.com/2020/02/grande-angular-os-reparadores-da.html

O autor versa sobre o assunto que anda por aí na berra, no seguimento da proposta realizada pela deputada guineense na Assembleia da República portuguesa, a famigerada Joacine, na ocasião ainda decalcando um ponto do partido Livre, sobre a devolução de bens culturais em museus tugas às antigas "colónias".
Trata-se de uma velha questão que começou há décadas com as exigências dos gregos sobre os frisos do Parténon no British Museum, dos egípcios sobre as suas antiguidades enviadas (após pilhagem) para vários museus da Europa e Estados Unidos.

Também António Barreto começa por explanar estas exigências anteriores, incidindo sobre bens de grande relevância patrimonial que remetem para civilizações de primeira grandeza na História Universal, se bem que ache isso irrealista por ser foco gerador de uma grande confusão. É uma opinião respeitável, ainda que se possa defender o contrário, com toda a lógica, se esses países fossem hoje oásis de paz, tolerância, capacidade de preservação desses mesmos bens no presente e no futuro. Esse poderia ser (e foi, por exemplo, dos ingleses em relação aos gregos) um bom argumento para a não-restituição. E isto poderia continuar a ser válido se a Europa continuasse a ser um baluarte de paz e civilização, por contraste com as "zonas quentes" e atribuladas do Médio-Oriente, como se viu com o rebentamento de Palmira pelo "califado" do Daesh, assim como a pilhagem de museus na Síria e no Iraque, para já não falar dos budas de Bamian (Património Mundial), algures no Afeganistão. Todavia, com o alastrar do terrorismo e da insegurança também para a velha Europa, prenunciando uma nova Idade Média (os bábaros já estão cá dentro), parece que este argumento vai colher cada vez menos...

Mas, ao momento, esta velha questão ganhou novos contornos, com referência a outras latitudes, neste caso o "diálogo", ou melhor, a velha tensão Norte (Europa)/Sul (África). E aqui o mote começou por ser dado por Macron em 2018, ao comprometer-se com a restituição de uma série de peças artísticas do Benim a este país africano. Falta saber o que o levou a este tamanho gesto de generosidade e justiça, escolhendo o Benim, em detrimento de todo o restante espólio em Museus franceses, e até em via pública, como o obelisco de Luxor na praça de La Concorde. Talvez alguma "diplomacia comercial" na base de interesses estratégicos algures nessa parte de África, porque nestas coisas não há que se ser ingénuo.

Até que chegamos ao "nós por cá", com a já referida "exigência" da Joacine/Livre, em que a questão se concentra nos bens culturais (de foro etnográfico) supostamente "espoliados" aos povos africanos.
Na nossa opinião, do que temos lido sobre estas problemáticas, consideramos que há dois tipos de defensores das "restituições":

a) os honestos (designação minha), que muito legitimamente gostariam de ver peças originais (não réplicas) originárias dos territórios culturais de onde procederam, contribuindo para a identidade cultural dos descendentes dos seus "produtores" - como disse atrás, é uma perspectiva que podemos considerar justa, na base do princípio: não fazer aos outros o que não gostaríamos que fizessem a nós (e pensemos no que foi pilhado pelas ocupantes franceses durante as invasões napoleónicas);

b) os vingativos (designação também minha), tipo Joacines, para quem a restituição em si é o que menos importa: o que realmente pretendem é a implementação de uma agenda escondida (ou declarada) com base no ressentimento e no libelo acusatório. Ela própria disse recentemente à imprensa: "não chega devolver os territórios", agora é preciso "descolonizar os museus", depois, "descolonizar a memória", depois "reescrever a História" [leia-se: criminalizando os que outrora os portugueses consideravam heróis nacionais, ou seja, agora terá de se escrever e ensinar às criancinhas que o Infante D. Henrique foi um patife, o Diogo Cão, fazendo jus ao nome, abaixo de cão, foi outro patife, o Vasco da Gama um crápula da pior espécie, o Afonso de Albuquerque um facínora, etc, etc]. Em suma, como ela também disse, "a colonização foi um crime" e, por consequência, os chamados "Descobrimentos" foram uma página negra, nunca deviam ter ocorrido - faltando nós concluir, que têm toda a razão, se não andassem esses tugas rascas lá com as caravelas a "descobrir" e a ocupar as terras dos outros, hoje escusávamos de ter cá a Drª Joacine a chamar-nos os piores nomes, pois deveria ela lá estar de tanguinha à sombra de um cajueiro, algures em Bafatá, feliz da vida, a comunicar com batuque em vez de telemóvel. E nós por cá, sem estes terríveis problemas de consciência! O que nos arranjaram esses malvados pseudo-heróis...

Mas o tal programa, escondido ou declarado, não fica por aqui. Museus dos tais "descobrimentos"? qual quê?? - nunca, jamais! - isso é neo-colonialismo, é eurocentrismo pretensioso, o de irem lá "descobrir" outros povos, nem "achamento", nem "encontro de culturas" nem coisa nenhuma! - o que é preciso são Museus da Escravatura e da Opressão, para lhes ("lhes", a eles, tugas brancos miseráveis exploradores) esfregarmos bem no focinho, com aquilo que nos (o "nos" é a nós, africanos, negros, oprimidos e escravizados) fizeram - de onde se infere que a srª. Joacine, na verdade não se sente "portuguesa", mas é antes uma guineense que está aqui como uma justiceira, pelo que o seu lugar é na AR tuga, nasceu para estar ali, vão ter de levar com ela ali até ao fim dos tempos, para continuar a sua cruzada. E não se pretende só a reescrita da História, mas também da ortografia: tem que se escrever Escravatura com "e" maiúsculo (como ela disse), à semelhança de como se escreve Holocausto. Depreende-se que os tais museus da Escravatura serão, mutatis mutandis, réplicas dos museus do Holocausto, e, no fim da linha, está-se mesmo onde é que querem chegar as Joacines, Mamadus Bas e quejandos: primeiro, o pedido de perdão por parte dos tugas (de preferência de joelhos, e em exercícios públicos de auto-flagelação, talvez com ajuda dos muitos voluntários africanos e afro-descendentes recrutados nos bairros das Jamaicas e afins), depois do tal grande julgamento colectivo e acto de contrição... - Mas, como se dizia, "desculpa não cura ferida"... por isso... tem de haver as respectivas REPARAÇÕES...ou sejam: INDEMNIZAÇÕES por todos esses crimes atrás elencados (colonialismo, escravatura, exploração, opressão, etc). As quais os descendentes dos colonialistas (não sei se alguns miscegenados estariam isentos) deveriam pagar ad aeternum, ou, pelo menos, durante 500 anos, tempo em que durou o tal de colonialismo.

E o indigenato tuga bem-pensante, as esquerdas urbanas, aplaudem e concordam, pelo que é de esperar que assim será. Os "reaças" vão bramir e espernear, mas como a História tem mostrado, de nada lhes servirá. Isso será apenas um estertor final nesta Europa decadente, em que o tempo dos impérios passou, tal como o tempo do Homem branco caucasiano (que já nem é capaz de se reproduzir) e o tempo da auto-razão justificativa. Agora é o tempo de se dar toda a razão ao Outro, fundir-mo-nos no Outro (fase 2 do Multiculturalismo) e subjugar-mo-nos ao Outro. - É o tempo das Joacines da Guiné, trazendo pela trela assessores tugas de saias que o fazem alegremente, enquanto aguardamos pela transformação da Tugalândia em colónia dos PALOP's - como no plano económico foi acontecendo com o alastrar do império económico-financeiro da srª Isabel dos Santos e seus sequazes ou outros próximos do regime cleptocrático de Luanda, os generais do papá Zedu.

Como diria o outro: "- Habituem-se!" - Pela minha parte, não sei até que ponto aguentarei e não farei as malas para algures, quando o Titanic desta Europa se afundar de vez, e a Tugalândia com ela.

Tempos de Fim, é o que vivemos.

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