sábado, 24 de fevereiro de 2018

Da nossa Aldeia para a Aldeia Curda...

O nosso amigo Ti Ago é um improvisador inspirado. 
Diz que estaba ali no tasco, a ber na telebisão
os turcos a malhar nos curdos, e beio-lhe a inspiração:
E escrebeu um poema, a celebrar o Curdistão!

Aqui bos fica, a pedido do ti Ago, 
este expressivo poema 
a um povo extraordinário:













Na cordilheira do Zagros,
os avanços são magros.
No monte Ararate,
pressente-se a morte.
Desde as montanhas do Kandil,
lançaram-lhe de Paris o ardil.
Mas mesmo assim resiste, persiste
e em parte já existe.
Encravado entre Iraque, Turquia, Síria e Irão,
aspira uma Nação!
Para lá da mentira e do engano orquestrado,
é já Natio mas ainda não Estado.
É o Grande Curdistão!  

                                                       Ti Ago


E se mais quiserdes saber, 
tomai lá para aprender:





sábado, 3 de fevereiro de 2018


 --- DECADÊNCIA OU NÃO DECADÊNCIA ---

Abordando o tema da decadência, apetece-me tratá-lo de dois ângulos que se laçam e entrelaçam: a decadência e a não decadência.
Quanto à primeira… na civilização do Iluminismo, da Revolução Francesa, da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, da igualdade de géneros, da abolição da escravatura, da exploração Espacial, da vanguarda legislativa sobre trabalho ou o ambiente, dos mais baixos índices de pobreza, dos mais altos índices de riqueza ou da solidariedade, continuamos a levantar o silício, prostramo-nos e aceitamos muitas vezes por bagatelas (as mais evidentes nestes tempos são as religiosas) e em nome de uma igualdade (que no fundo é totalmente desigual) renegarmos todos estes princípios fundadores.  Enquanto continuamos a discutir o sexo dos anjos, Constantinopla é conquistada.
Numa biografia de Salazar (sinceramente não me recordo se na de Franco Nogueiro ou na de Filipe Ribeiro Menezes) lhe perguntam o porquê da extensão temporal da Guerra Colonial, muito secamente responde: à espera que Ocidente acorde e atine.
Não serão, a venda e o esquecimento dos nossos princípios a grande decadência? Ontem como hoje os trinta dinheiros e a cegueira são os imperadores do mundo.

Mas indago, não estará decadência nas pequenas ações e observações?

Ainda esta semana uma aluna do secundário me fez a seguinte interpelação no início da aula? O professor gostava de andar na escola? – sim. Tanto gostei que ainda hoje para além de professor ainda sou estudante. Retorque ela: eu também gosto, mas gosto é dos intervalos e dos colegas! Porque é que temos de ser avaliados às matérias que estudamos? – porque não estou aqui para avaliar, cores de cabelos ou o tamanho das unhas de gel mas geografia. Não convencida, volta à carga: porque é que temos de andar na escola? Não serve para nada! Confesso – embora sendo pacifista – que me apeteceu fazer uso das técnicas da escola primária…. No entanto fiz-lhe ver que as suas observações eram ridículas e desproporcionadas por duas coisas: por ser mulher (e pela sua luta) e pelo analfabetismo (e a sua carga negativa). Indiquei-lhe que se por acaso tivesse nascido 500 km mais a sul, a sua opinião seria totalmente diferente. Não percebendo o comentário, alguém teve de lhe explicar que me estava a referir a Marrocos e o que implica ser mulher nos países árabes e pior: mulher analfabeta! Não atingiu a magnitude do comentário!

Quanto ao “tempo das meias-tintas”, já Pessoa dizia: Ninguém sabe que coisa quer./ Ninguém conhece que alma tem,/ Nem o que é mal nem o que é bem. /(Que ânsia distante perto chora?)/ Tudo é incerto e derradeiro. /Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Mundo hoje és nevoeiro.
Aliás, muitas dessas questões, levantadas no texto, “DECADÊNCIA DO OCIDENTE - mais sinais do Fim...” se as vivêssemos em Eras passadas seriam processadas pela moralidade e pela ética religiosa (religião no geral e não obrigatoriamente a Católica) traçando a linha entre o aceitável e o intolerável de modo a preservar a normalidade das sociedades terrenas e celestiais. Mas quem traça essa linha ética e moral, hoje? Estaremos, nós os ateus/agnósticos a cair no duplo paradoxo de i) não acreditar no fenómeno religioso, mas a “rezar” para que ele não acabe? e ii) se no século XIX, a causa da decadência (no caso Portugal por Antero de Quental) fosse a religião agora esta decadência esteja hoje ligada ao rarear da religião? Um tema que com tempo se hão-de gerar alguma linhas reflexivas. 

Voltando ao nosso mundo mais rústico e telúrico onde o pensamento é simples e claro como a água ou como a poesia de Caeiro, ergue-se a máxima: a necessidade aguça o engenho. Será que esta nossa decadência começa por não termos a necessidade e o consequente engenho? Esta onda de depressões não será um reflexo da perda de argúcia e de resiliência?

Quanto à segunda…pergunto se grande parte do mundo não gostaria de viver na nossa decadência. Nãos seremos o pior dos cegos? Isto é, aquele que não quer ver e que apenas nos queixamos de barriga cheia? (que é incomparável melhor que nos queixarmos de barriga vazia). E que esse queixume não é apenas um reflexo do nosso inconformismo e resultado de uma busca incessante pelo novo e pelo diferentes embora muitas vezes seja pior que o que tínhamos ou nem sequer o consigamos compreender na sua totalidade? Afinal de contas quem prefere ver o “Olhar o Mundo” onde um bando de chatos comenta geopolítica quando pode tomar o seu shot de reallity show instantâneo? Não seremos apenas aquela personagem hipocondríaca que pensa que tem todas as doenças e toma remédios impulsivamente, quando afinal tempo apenas uma unha encravada?
Estará a sociedade decadente, estarão as ideias e os princípios decadentes, os dois ou nenhum?

Post scriptum: Cara Cristina, felicito-a pelo texto e pela bela explicação e distinção entre educação, biologia e antropologia.


Ti Ago

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

DECADÊNCIA DO OCIDENTE - mais sinais do Fim...

Pouco a pouco, fomos megulhando num mundo desenxabido: café sem cafeína, açúcar sem sacarose, cerveja sem álcool, tabaco sem nicotina (e agora substituído por uns "cigarros eléctrónicos" que ainda fazem mais mal do que os originais)... Reflexo de tudo isto, no tempo das meias-tintas, um pretenso vanguardismo de "gauche", através da lavagem cerebral do "politicamente correcto", impôs o multiculturalismo e, indo muito além da louvável igualdade de género, pretende afirmar a... anulação do género!! - Nem sequer se trata de construir uma Humanidade assexuada, mas de uma Humanidade (ou Mulheridade??) efeminada, onde, a pretexto de se combater o "machismo", se procura erradicar o masculino, dando lugar a um paraíso LBTG, em que o "macho" é um híbrido que já não sabe o que é, e a reprodução se reduz ao recurso a adopções de meninos de países exóticos, ou então inseminam-se as mulas destes supostos "casais", quando não-raro se arranjam "barrigas de aluguer"... 

- Ora como sabiam os nossos mais-velhos cá da Aldeia (real), os machos e mulas eram criaturas que não se reproduziam - o que será, talvez, o objectivo último destas criaturas - tudo gente bem pensante, das élites burguesas urbanas - ou seja, o desmantelamento total e completo da civilização ocidental. O caricato é que, desse modo, estão a abrir as portas a um mundo onde a mulher é tratada abaixo de cão, tem de andar de burka ou, no mínimo, de cara tapada, onde o homem é rei e senhor e até pode ter tantas quantas possa sustentar... Ah,  mas os(as) mulos(as) do politicamente correcto desculpabilizam e relativizam isto, com base na "especificidade cultural" de tais povos...

É nestes fundamentalismos que, partindo de situações obviamente não defensáveis (pedofilices, violações, etc.), acabamos por encontrar a verdadeira "caça às bruxas", que desemboca na criminalização do "assédio". Sendo que neste conceito pode caber toda a subjectividade que vai de um simples piropo, ou a uma atenção ou abordagem mais carinhosa relativamente a alguém do sexo oposto (presumo que se fôr entre criaturas do mesmo sexo não deve haver problemas...). - Como é evidente, as queixosas (subentende-se que sejam só as "queixosas", pois as mulheres não assediam homens) nunca se queixarão de tipos todos "bons", tipo príncipe encantado ou tipo Cristiano Ronaldo, bonitões, de conta bem recheada... De onde se conclui, que o "assédio" só acontece (ou seja, é denunciado), quando se trata de um tipo feio, mal vestido, velho, e/ou um "teso" (economicamente, para além do seu estado físico momentâneo). Ou então, como o disse a Catherine Deneuve (a original), o ataque de pudor e de indignação, em certos casos Hollyhoodescos, acontece em diferido, muitos anos depois, uma vez garantida uma carreira que, sabe-se lá, boa parte dela foi feita na horizontal... - Enfim, as tais americanices que depois são exportadas para a Aldeia Global.

Serve este arrazoado como introdução para um clarividente texto que mão amiga nos fez chegar, tanto mais insuspeito na medida em que é assinado por uma Senhora. Sim, uma Senhora com S grande, que seguramente seria vaiada pelas mulecas esganiçadas da tal "gauche" LBGT das pseudo-élites bem-pensantes das sociedades urbanóides deste Ocidente em putrefacção acelerada.

Aqui vos fica:


«ASSÉDIO… ou PARVOÍCE?
Cristina Miranda

Há por detrás desta onda de indignação de certas mulheres uma hipocrisia monumental. Se por um lado se queixam do assédio sexual por parte dos homens, do outro exibem-se praticamente nuas apelando aos  instintos  reprodutores dos machos. Não me venham dizer que o fazem de forma ingénua só por “gostarem” da indumentária ou para se “sentirem bonitas”. Balelas! Mulher que é mulher com “M” grande sente-se bonita e atraente até com umas simples calças de ganga. Sou mulher e sei muito bem do que falo.
Cresci num tempo em que incomodar uma miúda na paragem de autocarro com graçolas era MÁ EDUCAÇÃO com direito a dois tabefes bem dados nas trombas desses garotos após queixa ao pai. Não era assédio sexual. Um tempo em que mandar um piropo por passar uma rapariga bonita, não era assédio, era fazer a corte. Atacar violentamente uma mulher abusando dela sexualmente era crime de violação sexual. Tudo era muito bem definido. Agora tudo é assédio. Hoje até um simples “olá estás boa!” pode ser perigoso. É a doideira total.
Como mulher também eu fui largamente “assediada” dentro deste contexto “moderno” da palavra. E isso nunca me incomodou. Porque os galanteios sabiam-me bem ao ego pois demonstravam  o meu grau de sedução sobre o sexo oposto. Mas sempre com cuidado com as indumentárias para não transmitir uma imagem errada daquilo que pretendia: atrair  pessoas, não predadores sexuais. Quantas vezes me perguntaram: “Posso me sentar? Está acompanhada?” dando uma resposta imediata conforme minha conveniência. Que mal tem atrair os homens e receber uma abordagem por isso quando até os  passarinhos (esses animais tão fofos) provocam as passarinhas com rituais para as atrair sexualmente?  Porque não nos indignamos igualmente com a natureza? Bem, deixa-me estar calada, não vá alguém ter ideias…
Mas a hipocrisia cresce ainda mais quando ninguém refere os homens como vítimas desse mesmo assédio de que tanto  se queixam! Não oiço nada, mesmo nada sobre isso e é muito estranho. Ao longo da minha vida vi coisas incríveis protagonizadas por mulheres predadoras sexuais. Não estou a brincar. Autênticos filmes alguns quase de terror psicológico com elas a rodear vítimas masculinas desesperadamente. Quando dava aulas em Ponte de Lima havia um colega que era muito popular do mulherio. Sempre rodeado por elas, alunas e professoras. Tinha o dom de saber ouvi-las e elas encantavam-se com ele! E eu, achava aquilo muito engraçado, porque meu colega, fosse num café ou na escola, nunca se via com homens. Parecia ter mel que só atraia o sexo feminino. E muitas! Até que um dia nos tornamos amigos e ele começa a contar-me o seu drama. Fiquei a saber que ele era perseguido, molestado, “armadilhado” com esquemas onde apareciam  nuas na sua cama, lhe ligavam para casa a toda a hora, enfim, não o deixavam em paz. Vivia num inferno! Mas, como vivíamos num tempo diferente deste, nunca viu nisso um crime. Apenas azar de atrair tanto o sexo feminino. Como este, conheci muitos mais exactamente com o mesmo problema: assédio feminino. Alguém fala nisto? Claro que não. Não convém.
Esta raiva aos homens é patológica. Não faz sentido em mulheres saudáveis e bem resolvidas com a vida. Porque estas sabem sempre avaliar as situações separando o que é efectivamente crime do que não passa de galanteios, mais ou menos felizes (sim, porque nem todos nascem com o mesmo dom para a sedução).  Saberá estar à altura de dizer “não” e se esse “não” for desrespeitado, resolvê-lo.

Porque a hipocrisia não deixa ver que no dia em que estas senhoras todas com mais ou menos  nudez à mostra, não obtiverem qualquer reacção masculina (por receio destes) serão elas a questionar a virilidade dos homens e acaba-se o glamour dos vestidos às tiras sem cuecas.»